8.4.11

Tic-tac final.


Totalmente perdido no seu mundo, no seu mundo particular. Mergulhado em pensamentos tão profundos, que nem mesmo ele achava a saída. A insanidade tomava conta de tudo que o envolvia. E o sentimento de "Poderia ter sido diferente?", "Poderia ter feito mais, para que aquilo parasse?", ganhava espaço e dominava a cada dia que passava mais um espaço do seu coração.
Tic-tac, o tempo corria. Bang, o caminho afunilava.
Ele não tinha um lugar seguro, diante daqueles olhos julgadores. Ele não tinha um lugar seguro. Sua mente mudava, se transformava, ganhava traços e formas, que até ele mesmo desconhecia. Ele se tornara vulnerável.
Tic-tac. Bang-bang.
Seu olhar... já não era mais o mesmo, ganhou uma nova forma, nova luz, nova fala. Assim como sua magoa, seus pensamentos e suas premeditações. Ganhou um alvo, por mais que fosse cruel, a intenção era somente essa, crueldade. Chocar, e com isso acabar. Como? Fazendo com aqueles que hoje significa, aquilo que um dia foi pra ele os seus piores momentos.
Tic-tac. Bang-bang.
Ele fez, sem medo, sem remorso, sem culpa. Aquilo era sua libertação, sua válvula de escape, seu grito, aquele mais reprimido e guardado, o mais forte. Aquele era o fim de tudo, de seus pensamentos, de seus medos, de suas mágoas. Era o seu próprio fim.
Último tic-tac de seu tempo. O fim de suas balas.
Agora seu corpo era como todos aqueles outros, para os quais ele tinha dado um destino. No chão frio, imóvel, duro, sem sensações, sem pulso. Olhos fixos, no aguarde do retorno do Todo Poderoso, para tirá-los do sono da morte e banhá-los com os mais profundo descanso eterno.

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